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  • Foto do escritorJosé Estevão Cocco

Do Mecenato ao Patrocínio

Do Mecenato ao Patrocínio

Mecenato, deriva do nome de Caio Mecenas, conselheiro do Imperador romano Augusto, que sustentava a produção artística de intelectuais de poetas.

É uma atitude meritória que durante muito tempo foi a escora de muitos artistas e intelectuais.

Podemos até, de certo modo, dizer que as Leis de Incentivo atuais são prática de mecenato.

Os artistas e muitos esportistas entendem as Leis de Incentivo como obrigatoriedade do poder público. Deve ser um dinheiro aplicado como fundo perdido, segundo a maioria deles. Como tal, não dão muito valor para o retorno financeiro ou de imagem que o investimento deveria ter. O investimento público, ou mecenato com dinheiro público, deve servir unicamente para atender os objetivos deles artistas e empresários da dita “cultura”.

Para obter milionários financiamentos, os projetos “culturais” e/ou “esportivos” devem simplesmente atender às normas burocráticas existentes na legislação.

Não precisam demonstrar nenhum mérito cultural ou esportivo, nem atender a qualquer Lei de Mercado. Talvez, em virtude disso quase três quartos dos projetos aprovados para captação de recursos na LIE micam na mão de seus proponentes que não conseguem o interesse dos patrocinadores do mercado. Mesmo o dinheiro a ser empregado no patrocínio não sendo deles patrocinadores.

Já no Patrocínio pelas regras do mercado a atuação é bem diferente. Os valores investidos são de acordo com o merecimento mercadológico do patrocínio. O artista, empresário ou atleta, clube ou entidade precisam justificar o quanto retornam em troca do valor dedicado ao patrocínio. Nada de mecenato. Nada de fundo perdido. Cada tostão aplicado deve retornar em forma de imagem ou espaço conquistado na mídia. Isso quer dizer que os patrocinados devem se esforçar e justificar o valor recebido em patrocínio. Sob pena de não tê-lo renovado.

O patrocínio deve, e é, ser encarado como negócio. Como qualquer outro investimento realizado pela empresa. Onde meu investimento dá melhor retorno? Deve ser a pergunta feita. É melhor investir em mídia através de campanhas publicitárias ou em patrocínios?

Normalmente, e quando corretamente aplicado, o patrocínio fornece retornos muito superiores a alternativas de mídia.

Essa atitude profissional do patrocinador beneficia os próprios artistas, empresas, clubes, atletas obrigando-os a se esforçarem mais para oferecer um retorno melhor ao patrocínio, alcançando melhores resultados e tendo, em consequência, uma carreira competitiva e gratificante.

Se o consagrado artista e o medalhado atleta conquistam grandes contingentes de fãs, admiradores ou seguidores merecerão e conseguirão importantes patrocínios e cachês. Não necessitarão de mecenato.

O mecenato das Leis de Incentivo deverá ficar restrito a ações verdadeiramente sociais. Como investimentos em equipamentos e estruturas para treinamento e competições, formação de técnicos e dirigentes. Escolas e academias de artes entre outras ações.

Hoje, agimos ao contrário. Primeiro os artistas ou atletas precisam ralar para conseguir se manter em alguma escola, obter uma formação básica para poder concorrer à uma Bolsa Atleta ou às Leis de Incentivo.

Portanto, gostaria de finalizar afirmando que Mecenato não é bom nem para quem paga nem para quem recebe. Quem paga apenas satisfará seu ego e quem recebe não dá o devido valor por que é de graça e praticamente não exige nada em troca.

Como dizia nosso grande Gonzagão:

“Mas doutor, uma esmola a um homem que é são ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”


José Estevão Cocco

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